“Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada.” (Clarice Lispector)
O óbvio não me atrai.
Não sei escrever sobre ele.
O sentido denotativo vai na contramão do meu ser.
É que há um tanto de dor, e tristeza, e (in)conformismo partilhado e compartilhado.
E há um tanto de fatos, relatos e boatos, que amanhã já nem são mais.
Viram história, viram arquivo, viram a página e perdem o significado.
Não sei definir a vida dessa maneira.
Não sei me desvelar nessas limitações práticas.
Não aceito ser somente um significado ao pé da letra ou na página de um dicionário.
É que há em mim um tanto de versos, e de poesia, e de prosa, e de sentimentos (in)versos e avessos.
E preciso me (re)inventar a todo instante.
É que eu gosto de me sentir em cada palavra.
E gosto de escrever sobre o paradoxo, o imperfeito e o incompleto.
Porque há um tanto de sentimentos, e medos, e angústias, e contradições, que amanhã serão ainda mais.
Eles viram histórias, mas não viram arquivos.
Eles viram a página, mas sempre há novos significados, e novas dúvidas, e novas buscas, e novas conexões.
E a despeito do que é normal e aceitável, é que minhas palavras são sempre assimétricas.
Elas quebram as regras. Elas mudam o foco, o ponto de vista.
E a despeito da nossa história, a gente nunca sabe o final.
Mas ela é sempre passível de ser transformada em poesia.
Stella Verçosa
Paradoxalmente inverso ao sentido das coisas sem sentido. Bjs